segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O pequeno heli


Parada encostada à separação, que existia entre mim e aquele pequeno heli, sonhei, sonhei que entrava nele, e voava olhando para tudo o que existia debaixo de mim. Estava nas alturas, os rios serpenteavam tal cobras no meio de vegetação verde e "vegetação" negra como breu. Sentia-me um Deus, estava no meu mundo, um mundo grande, onde observava o bom e o mau, e sorria feliz, ali, era eu e o pequeno heli, montanhas, vales, mais ao longe uma área azul grande, o mar imponente, aproximei-me mais e quase toquei a espuma branca que se estendia na areia, voltei a subir e senti que o mundo era meu.
De volta à realidade, apagou-se o sorriso disse adeus ao pequeno heli e vim embora. Espero voltar a sonhar contigo.

AnaBorges

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

mais um dia


Coimbra

Nasci e cresci em Coimbra, houve alturas em que a abandonei, as melhores lembranças foram as passadas nesta cidade, e também as piores.
Mas a vida é feita de contradições:

Branco - Preto
Chuva - Sol
Calor - Frio
Rir - Chorar
Bom - Mal
Etc - Etc

Etc - Etc é igual não tem contradição "abreviação do latim et cetera, que significa "e outros", "e os restantes" e "e outras coisas mais", é uma forma de continuar a falar sem saber o que se dizer mais.

Eu hoje estou Etc, 

Olhei para esta foto que tirei num dia destes e pensei em Coimbra, pensei nos momentos em que a abandonei e chorei com saudades dela. 

"Eu sei que tempo passa

E tantas coisas acontecem se as entender

O mundo é uma dança que não pára

E onde tudo pode suceder"

Letra da canção de Coimbra "Tu e só Tu"

Ana Borges

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Rainha Santa Isabel



Coimbra, 5 de Julho de 2018

RAINHA SANTA ISABEL

Mais uma procissão: "Procissão (provém de procedere, "para ir adiante", "avançar", "caminhar") é um corpo organizado de pessoas caminhando de uma maneira formal ou cerimonial. Muitas vezes acontece sob a forma de um cortejo religioso realizado em marcha solene normalmente pelas ruas de uma cidade, carregando imagens e entoando orações ou cânticos.[1] Este ritual segundo a crença, tornaria as pessoas e os locais, abençoados.[2] Dessa última forma é praticado em várias religiões cristãs, tais como o catolicismo, a ortodoxia, e algumas igrejas reformadas"

Mais uma ida nesse cortejo religioso, calada, triste, lembrando que 2 anos atrás, levei ao colo a minha princesa, sabendo que o fim estava próximo, senti necessidade de pedir Paz, apenas Paz na ida dela e Paz no meu ficar, porque eu sabia que ia doer muito.

Mas quando ia para começar a caminhar, parei e fiquei parada a observar a chuva de rosas sobre a Rainha Santa lançadas do cimo da Igreja, deixei-me ficar a ver ela "caminhar" na minha direção e senti que aquela imagem representava a mulher que Ela tinha sido na sua vida, uma Mulher corajosa, corajosa demais para aqueles desavindos tempos e segundo reza a história :
"D. Dinis morreu em 1325 e, pouco depois da sua morte, Isabel terá peregrinado ao santuário de Santiago, em Compostela na Galiza, fazendo-o montada num burro, e a última etapa a pé, onde ofertou muitos dos seus bens pessoais. Há historiadores que defendem a ideia que lá se terá deslocado duas vezes.
Recolheu-se por fim no então Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, vestindo o hábito da Ordem das Clarissas mas não fazendo votos (o que lhe permitia manter a sua fortuna usada para a caridade). Só voltaria a sair dele uma vez, pouco antes da morte, em 1336.
Nessa altura, Afonso declarou guerra ao seu sobrinho, o rei D. Afonso XI de Castela, filho da infanta Constança de Portugal, e portanto neto materno de Isabel, pelos maus tratos que este infligia à sua mulher D. Maria, filha do rei português. Não obstante a sua idade avançada e a sua doença, a rainha Santa Isabel dirigiu-se a Estremoz, cavalgando na sua mula por dias e dias, onde mais uma vez se colocou entre dois exércitos desavindos e evitou a guerra. No entanto, a paz chegaria somente quatro anos mais tarde, com a intervenção da própria Maria de Portugal, por um tratado assinado em Sevilha em 1339."

Hoje em dia, que Mulher faria isso? Não sei, mas falo por mim, que me acomodei e deixei os anos passar, sem me colocar à frente de um Homem e exigir explicações sobre "PORQUÊ?"

Ana Borges
17/08/2018

SAIR DAS PALAVRAS: DIA INTERNACIONAL DA AMIZADE

SAIR DAS PALAVRAS: DIA INTERNACIONAL DA AMIZADE:          


Hoje é o Dia Internacional da Amizade! E a Amizade é todo um  tratado. Como escrevia Saint-Exupéry:                ...

Daniel, aproveito este belo texto sobre a amizade para te dizer VOLTEI, voltei a escrever no meu blog, e vim reviver os amigos que deixei para trás e como sempre os teus textos fascinam-me.

Um abraço sem ferrão, com mel

Ana Borges

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Hoje acordei assim

HOJE ACORDEI ASSIM


"É uma banalidade, por ser de mais evidente que o trabalho, ter um emprego, é o principal determinante nas condições de vida das pessoas. Contudo, quem conhece bem o que se passa nos locais de trabalho sabe que desta evidente realidade – a repercussão dos baixos salários e da degradação das condições de trabalho nas (pobres) condições de vida – há um outro lado que, mais encoberto, é, perversamente, a sua correspondência biunívoca: a desvalorização do trabalho e a degradação das condições de trabalho por via das más condições de vida, designadamente, da pobreza.

As condições de vida pessoal, familiar e social são indissociáveis dos salários e das condições de trabalho, visto que, de algum modo, as pessoas acabam sempre por “levar a casa para o trabalho”, tal como levam sempre (e até literalmente, muitas vezes) o “trabalho para casa”."

Pensei, pensei, pensei, e pelo caminho até ao trabalho fiz manobras para voltar para trás, para a cama que ainda estaria quente, tomar 1 ou 2 victam e dormir, dormir muito, de modo a que o tempo passasse rápido, ainda pensei em ir buscar umas "coisas minhas pessoais e adquiridas  com muito amor", para me desfazer delas a troco de uns trocos miseráveis, mas talvez devido às manobras esquisitas que fiz com o carro, o cérebro retomou o que se pode chamar racional, e pensei: "Eu?, porque me tem que calhar a mim resolver os problemas dos outros que também tem coisas pessoais adquiridas com amor ou dadas com amor e que guardam tal tesouro, como se fosse o único do mundo?" Chega, chega, chega, estou farta, onde estão os meus vícios? Não tenho. Contento-me com um café por dia, o almoço não passa da metade do pão da manhã. Os sábados, domingos e feriados são passados a inventar sonhos na mistura de cores.

E isto é a vida de uma pobre Mulher que passa por rica Mulher. É isto que a vida esconde, as aparências existem e vão sempre existir.

Cansei.....


sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Noya - 19/02/2007 - 26/09/2016


Estive parada na escrita quase 5 anos, uma eternidade para mim, que escrevia quase diariamente.
O tempo emocional para mim parou, a vida continuou, mas a dor, a incerteza do momento foi demasiadamente forte.
Pouco interessa escrever sobre tudo o resto. Para mim só a dor de ter perdido a minha princesa adorada Noya foi o suficiente para que tudo o resto, por muito mau que tenha sido, passou ao lado.
Esta estrelinha que habita agora o céu dos patudinhos, foi a coisa mais doce, mais importante da minha vida, foi um sentimento tão forte que não tem nome. Morreu nos meus braços e nos meus braços veio sempre até à sua morada física.
Não a conseguia largar, sentia-a sempre quentinha, agarrada a mim, encostada ao meu peito, como sempre fazia para os beijos da praxe, no pescoço, na checha direita na checha esquerda (checha diminutivo de bochecha).
A campa continua lá onde eu a possa ver, o simbolismo das flores brancas, são a pureza de um sentimento tão nobre, tão honesto, tão puro.
Vai fazer dois anos no dia 26 de Setembro deste ano, que a depositei neste lugar. Puro simbolismo. Sei que sofro muito mais olhando para aquelas flores e saber que a ossada está por baixo do que se tivesse sido cremada, mas é ali que choro, que riu, que lembro todos os momentos bons, não houve momentos maus, a não ser este final.
Serás minha eternamente, meu amor.

Coimbra, 10/08/2018


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Acordar

Acordei ao som da chuva a bater nas folhas das árvores. Sorri. Já sentia saudade deste som. Ao longe um rugido, apenas um trovão, enrosquei-me no edredon, quentinha continuei embalada pela música da chuva nas folhas, acabei por voltar a adormecer.
Adoro a aldeia. Sempre que posso fujo para este lugar, a vida aqui passa ao bater das horas do relógio de sol, não existe horas para acordar, nem para deitar, sento-me sempre debaixo da parreira, aquele cheiro adocicado dos cachos, embriaga-me o pensamento e anestesia-me. Sinto-me feliz aqui.
Gosto de ir pelo caminho ladeado de cameleiras, olho para os lados e vejo os castanheiros carregados de ouriços, um passaro voa á minha frente como a indicar-me as flores mais bonitas, sento-me debaixo de uma árvore e puxo do telemóvel para